6 de outubro de 2012

Cosa Nostra - Resenha + Mini relato de sessão




Fala pessoal, beleza? Hoje quero falar sobre um novo RPG nacional, o Cosa Nostra do João Paulo Francisconi (Bestiário de Arton). Como essa será minha primeira resenha preciso explicar o sistema de notas que usarei aqui no blog. Em cada avaliação de livro, jogo, filme ou quadrinho que eu fizer aqui darei notas uma das seguintes notas: d4, d6, d8, d10, d12, d20. Quer saber qual nota eu dei pro Cosa Nostra? Continue lendo.


Qual a ideia central do jogo?

O Cosa Nostra é um RPG narrativista onde o grupo conta a história de uma máfia. O livro traz para o leitor o básico para o entendimento do que é uma máfia e do que a diferencia de um grupo criminoso qualquer. O livro abordará a máfia italiana, mais especificamente a siciliana (The Godfather feelings).

A mecânica do jogo

O primeiro choque para muita gente, acostumados com D&D, Old Dragon, GURPS e etc, que for jogar o Cosa Nostra fica a cargo do fato que este RPG não tem um mestre/narrador. Isso mesmo, nada da figura clássica do mestre atrás do seu escudo. O segundo choque do jogo vem quando os jogadores descobrirem que ninguém tem um personagem, ninguém tem sequer ficha de personagem. Ao invés de uma ficha de personagem para cada jogador, existe a ficha da máfia e apenas ela.

A máfia possui 3 atributos (funções narrativas): Músculos (o poder de intimidar da máfia e a força de seus homens), Negócios (o poder financeiro) e Legitmidade (representa quanto a sua máfia conta com o carinho e respeito da comunidade). No início do jogo cada jogador diz uma palavra que eles querem que represente essa máfia (do jogador mais velho para o mais novo, ou você queria que os frangotes tivessem vez na família?) e então alocam cada uma das palavras em uma das funções narrativas.

Com a ficha da máfia criada, inicia propriamente o jogo, onde o grupo contará a história da máfia escolhida ( ou criada!), passando pelas fases de Nascimento, Ascensão, Auge, Virada de Mesa, Decadência, Queda e o Renascimento (opcional). A mecânica do jogo influencia e muito a historia, no Auge da máfia os jogadores terão inúmeras vantagens nos testes, enquanto na decadência o jogo te derruba e limpa o chão com você.

Por falar em testes, taí uma coisa que eu curti no jogo. O jogo usa dados de seis faces (d6) e cartas de baralho (que dão um sabor todo especial ao jogo, aumentando e muito a diversão do jogo) como fatores de aleatoriedade. Além disso existe a mecânica de traição/assassinato com a qual um jogador pode roubar a cena que um outro jogador esteja descrevendo, isso adiciona um clima bem legal ao jogo, e te joga no clima de um filmão de máfia.

Preparação para o jogo

Quem mestra Old Dragon, Vampiro e etc já sabe que é obrigado a dedicar algum tempo preparando a sessão de jogo. Até mesmo quem só joga sabe que precisa atualizar a ficha, procurar itens, talentos e vasculhar o livro em busca de outras apelações. No Cosa Nostra não existe tempo de preparação, você e seus amigos simplesmente sentam em torno de uma mesa (ou no Skype/Hangout) e começam a jogar.

Onde eu posso adquirir o Cosa Nostra?

Está previsto para Janeiro de 2013 o financiamento coletivo do livro. Mas não se desanime, na loja online da Retropunk (Retrostore) você pode baixar gratuitamente a versão de playtest do Cosa Nostra, bem como diversos outras versões Quick Start de RPGs (A Fita, Abismo Infinito, Terra Devastada e etc). Além disso você pode encontrar o Cosa Nostra no Twitter ou Facebook.

Minha avaliação final

Esse jogo merece um d20! Taí um RPG que me surpreendeu. Ele é genial, muito bem pensado. As mecânicas e ambientação do Cosa Nostra passam perfeitamente o clima de um filme de máfia. Na verdade o jogo acertou em cheio nisso, cada sessão de jogo dura cerca de 2 horas (do Nascimento à Queda da máfia), ou seja, você joga um filme. Que sacada do João!

No quesito diversão esse jogo acerta em cheio, vocês darão boas risadas conforme o jogo se desenrolar (as mecânicas das cartas influenciará isso). Além disso o jogo tem um fator de rejogabilidade alto, pois cada vez que forem jogar, vocês contarão a história de uma máfia diferente.

Mini relato de sessão de jogo

Cerca de 3 semanas atrás testei o Cosa Nostra com meu grupo habitual. A sessão de Este Corpo Mortal, ou Estes Nazistas Mortais, terminou mais cedo pois um dos jogadores tinha que sair mais cedo (Caio) e então aproveitei a oportunidade e saquei a impressão que eu tinha feito do Cosa Nostra. Apresentei o jogo a 3 jogadores: Romário, Felipe (responsável por levar a uma mudança na regra de Traição/Assassinato) e Jefferson (todos acostumados à Old Dragon, D&D e Tormenta RPG). Passados 10 minutinhos de explicação de como o jogo funcionaria começamos. A ordem da iniciativa era: Jefferson, eu, Romário e Felipe. As palavras que saíram foram:

Cassino - Negócios
Prostituição - Músculos
Ocultismo (WTF Romário?!) - Legitmidade
Polícia - Músculos
Contrabando - Negócios
Corrupção – Negócios

Com esses dados criamos uma Máfia de ilheenses (moramos em Ilhéus/BA) macumbeiras e prostitutas, chefiadas por Gabriela (Sim, Jorge Amado), que eram donas de cassinos em Las Vegas, contrabandeavam maconha da Bahia e tinham a polícia em suas mãos (ou camas). Vocês imaginam que esse jogo foi extremamente divertido né?

4 comentários:

  1. Fiz o play test com o João e digo, o jogo é irado mesmo!

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  2. Tenho a impressão de que deve ser um jogo mesmo muito bom. Mas, levando em conta a mecânica diferenciada, a inexistência das figuras tanto do mestre quanto de personagens-jogadores, fico me perguntando: o que é, afinal, um RPG? Os limites de nosso passatempo se estenderam de fato, ou estamos atribuindo uma mesma denominação a coisas diferentes.

    Sob uma ótica tradicionalista, um RPG PRECISA de um Mestre, e cada jogador - que não o Mestre - deve ter apenas um personagem principal (embora muitos cenários adotem variâncias, como mais de um personagem sob controle de um mesmo jogador, como um principal e vários cupinxas, por exemplo). Mas, e essa vertente nova? Os jogadores estão influenciando cada vez mais no ritmo, cenário e roteiro das aventuras, e o papel do Mestre está sumindo... Não é algo ruim, pelo contrário, isso poderia fazer finalmente com que eu me tornasse mais jogador e menos Mestre! Mas é algo BEM diferente, e o meu ponto é: não é uma nova mistura de teatro de improviso e jogos de mesa, que deveria receber outro nome, e estamos usando RPG por falta de termo mais próprio?

    Enfim, gostei muito da resenha e fiquei bem curioso com o jogo. Valeu!

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    1. Eu penso em RPG como um jogo de contar histórias e o Cosa Nostra é perfeito neste sentido. É interessante conhecer jogos que quebram nossos paradigmas, porque eles nos fazem pensar e nos dão muitas ideias para os nossos RPG "tradicionais".

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  3. Onde encontro pra comprar hoje? Quero dar de presente!

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